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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Metamorfose


"É quando as escolhas nos são oferecidas 
que nos sentamos com os deuses  e nos reinventamos".
(Dorothy Gilman)

Conversando com um amigo D.G.A, trocando confidências, cada um falando um pouquinho de si para o outro e de repente, enquanto eu falava, foi como se tivesse sido atingida por um raio! Uma onda de consciência me invadiu e mexeu comigo por inteira, do dedinho do pé ao âmago de minha alma. Num momento: o insight. E foi como se daquele segundo em diante eu pulasse de oradora a ouvinte de mim mesma, da minha própria história, do que eu dizia sobre mim e sobre a minha vida para ele. 
O papo terminou, me despedi do meu amigo e continuei mergulhada nesse papo interior pra lá de interessante. Embevecida, ouvindo "ela" falar. E a voz na minha mente recontava as minhas próprias histórias de um jeito que eu nunca tinha ouvido, nem visto, nem percebido, muito menos me dado conta.
E ela continuava me analisando em seu divã... "A história da sua vida até agora simplesmente não bate, não tem nada a ver, não combina com você, com quem você é de verdade, com a mulher que mora aí dentro, minha amada". E eu soube e senti que meu destino (um novo destino) estava sendo escrito/traçado/escolhido ali, naquele exato momento, uma espécie de reinvenção, uma metamorfose.
"Essa que chora, que sofre, que se arrasta triste como a carregar correntes imaginárias pela vida... Essa, minha querida, decididamente não é VOCÊ! Delete-a, transforme-se, mude, faça diferente, invente, reinvente-se. Seja você mesma a pessoa da sua vida. 
Deixe o curso da vida fluir... na sua casa, no seu corpo, na sua mente, no seu espírito, no seu coração e em tudo aquilo que diz respeito a você. Abandone o passado, despeça-se do que passou. Abra espaço para o novo, o belo, o ainda não visto e vivido acontecer em sua vida. Alegre-se catalogando e sonhando com o que virá. Envolva-se com tudo aquilo que você deseja, sonha e quer de verdade para sua vida daqui pra frente.
O que verdadeiramente vale a pena permanecerá com você, acompanhará suas mudanças interiores, ficará ao seu lado. Se você escolhe viver feliz e com amor, a felicidade e o amor se farão presentes... inevitavelmente. É a lei da Vida, do Universo, do Amor, de Deus, da Fé (não importa o nome que você der). É assim que tudo funciona.
Não viva tão presa, rígida, inconformada, cansada. Liberte-se do que pesa, da dor, de tudo que for cinza, frio e tiver gosto de amargo para você. Simplesmente solte, deixe ir. Amor de verdade não é sinônimo de lágrimas e solidão. Nunca foi. O amor é uma escolha. Sofrer também é. Você é quem escolhe o que vale a pena na sua vida. Brinque, dance, voe, grite, ame, seja feliz! Por você e para você! SEMPRE
Permita-se respirar, sentir-se viva, aliviada e em paz. Chega de colecionar tristezas, pensar no que não deu certo. Enterre o passado, pois o que passou não volta mais. Não dá para voltar no tempo e consertar o que se fez ou deixou de fazer. Não há como ter certeza de que isso ou aquilo seria o certo ou o errado. Nada que nos acontece é obra do acaso. O acaso não existe.
Lembre-se: cada novo dia é uma página em branco pronta para ser escrita. Escreva uma história nova, linda e diferente para a sua vida, todos os dias. Uma história alegre e bonita, que a faça querer viver mais, que valha a pena ser escrita e realmente vivida. E faça sempre da felicidade a sua opção, a única".

Quereres....


O que você quer da sua vida? Confesso que quase nunca sei o que responder. Parece que meus quereres me enganam. As vezes sinto que quero coisas que eu mesma inventei que precisava. Coisas que os outros querem, que as pessoas ao meu redor tem, que o mundo inteiro diz que é a lei natural da vida e que eu deveria querer, ter, desejar, ansiar por possuir, me esforçar por conseguir...
Então as vezes eu caio na loucura de me convencer de que se todo mundo quer, eu também devo querer (não devo?) e precisar. Aí eu tento me encaixar, me enquadrar, padronizar os meus desejos e a mim mesma para ter a vida que todo mundo tem. Pelo menos o todo mundo que passa pelo meu quadrante de vida.
E é engraçado me ver nessas situações. Quer dizer, na hora não é nada engraçado. Na verdade, me sinto patética quando deveria me sentir feliz, satisfeita, realizada. E obviamente, minhas incursões e tentativas de viver uma vida que não tem nada a ver comigo são um verdadeiro desastre, como não poderia deixar de ser.
A verdade é que eu só consigo ser quem eu sou, querer o que quero mesmo e ponto final! É isso e acabou. Sei que tem muita gente boa por aí que poderia até ganhar um Oscar pela bela atuação, por ser capaz de enganar a si mesmo e a todos por incontáveis anos. Eu também sou muito boa atriz quando quero, mas... e a felicidade da gente, como que fica? Será que vale a pena viver enganando a si mesmo, negando-se os próprios desejos? Nunca vale a pena, por ninguém e por coisa alguma. E essa é a minha resposta mais sincera, de coração e por experiência.
Balzaquiana, solteira, sozinha, com 2 filhos, independente. Essa sou eu. É assim que me reconheço, é tudo que sei ser hoje, ontem e há muito tempo. Talvez seja  estranho para uns, incompreensível para outros, mas é seguro e confortável para mim. Por enquanto é tudo que sei de mim, é como consigo e gosto de viver e me reconhecer.
As vezes busco outras coisas, visto outras roupas, tento precisar de coisas e pessoas que no fundo não me interessariam jamais. Tudo teatro, esforço, encenação. A cortina fecha e eu aplaudo incrédula minha mais nova atuação. Mas no fundo eu só quero tirar logo a maquiagem e voltar à cena da minha realidade. Pode ter sido lindo, bonitinho, perfeito... mas não era eu, não era meu... nada tinha a ver comigo e então eu viro as costas, vou embora, desço do palco, saio de cena. Eu me demito. 
Vou agora viver minha vida do jeito que sou, do jeito que quero e gosto de ser. Não quero ter de mudar, me adaptar, me reformar, ser alguém que eu não consiga me entusiasmar de ser, me encantar, admirar. Eu posso estar sozinha, não ter ninguém, andando por aí de mãos dadas com a solidão... mas poxa! Não é ruim, não é vazio, não é nada daquilo que as pessoas tanto temem nem tudo aquilo que dizem ser. 
Eu escolho a solidão porque para mim ela não é nem nunca foi um bicho-papão. Ela é o meu lugar de equilíbrio, a minha fortaleza, a minha salvação. É onde encontro e estudo os meus mistérios, onde consigo ficar mais linda do que já sou. Onde me alegro, choro, me recupero, me transformo. É um lugar de silêncios e que só toca as músicas que eu amo. Um lugar preenchido com os meus sussurros, as minhas orações, onde escrevo meus diários secretos.
Sinceramente, hoje, agora, nesse exato momento, não faço a mínima ideia daquilo que eu quero ou do que vou fazer daqui a 2 anos ou 2 horas. Não sei de nada e o pior (ou melhor) é que também nem quero saber. A única coisa que sei é que quero ficar bem e me sentir feliz. Esses são os meus quereres.

De mãos dadas com a solidão!!


Hoje uma pessoa muito especial conversou comigo e me contou um pedacinho de sua história de vida, tão cheia de gente, mas repleta de solidão. E embora sorrisse, olhando bem em seus olhos e ouvindo cada uma de suas palavras, eu podia ver uma tristeza que não lhe cabia mais, algo muito pesado de se carregar e que não deveria fazer parte de alguém tão bonito assim. E isso me fez pensar muito sobre a solidão. 
Acho que solidão nem sempre é uma coisa ruim, as vezes se faz até necessária e é bem-vinda. É como se a alma da gente precisasse uma hora ou outra de um pouco de exílio para poder se reencontrar consigo mesma, saber quem a gente é de verdade naquele momento, conhecer aquilo que agora queremos, porque vivemos em constante mudança e aquilo que serviu ontem e achávamos lindo, divino e maravilhoso, hoje pode não se encaixar direito na gente, do nosso lado, dentro da nossa vida e simplesmente não ter mais nada a ver. Afinal de contas, somos seres mutáveis e os nossos desejos também. Podemos até calá-los, emudecê-los por um longo tempo, mas de um forma ou de outra, nossos desejos sempre permanecem vivos e um belo dia retornam à superfície.
Mas existe um tipo de solidão que realmente nos machuca o tempo todo do mesmo jeito que faria um espinho inflamado no pé. É a solidão a dois, a três, a quatro, é aquele sentir-se sozinho mesmo cercado por uma multidão. É quando a gente sente que ninguém nos conhece realmente, nem compartilha dos nossos sonhos, das nossas verdadeiras alegrias e desejos, mesmo aquela pessoa com a qual dividimos a mesma casa, o carro, o quarto, a cama. É quando ninguém sabe nem quer saber quem somos nós de verdade, o que nos faz amar, o que nos encanta ou atormenta, quem são nossos temidos monstros e nossos queridos heróis.
É quando se está casado ou namorando, mas na prática, acaba fazendo isso sozinho. É quando se ama em carreira solo, é o ter sem ter de verdade, é procurar um sentimento quentinho e só achar o frio congelante como resposta do outro.
Como se o amor fosse um barquinho que só sai do lugar porque você está ali, remando com todas as suas forças solitariamente, enquanto o outro, deitado numa boa e nem aí pra nada, masca uma folhinha no maior relax apreciando a paisagem. É lutar sozinho, é ser um guerreiro solitário numa batalha que era sua e dele também.
Solidão nasce cedo quando a gente difere demais do restante da família, quando a gente é do tipo tão diferente que chega a incomodar. É ser o ovo estranho no ninho, um alienígena, um fora de contexto. Não partilhar dos mesmos gostos, dos mesmos interesses, é nunca baixar a cabeça para as imposições que dizem "na nossa família é assim!". É ser a ovelha desgarrada, é entender sem que ninguém precise falar, que ali não é lugar pra você. É ser persona non grata. É ter como única certeza na vida a de não poder contar com ninguém, a não ser com você mesmo.
E o pior é que essa solidão pode ser a nossa única e mais leal companheira pelo caminho de uma vida inteira se assim permitirmos. Mas o mais importante a saber (e também mais difícil de se compreender) é que a solidão nada mais é do que uma condição. Embora triste, pesada, temida e com poderes de vida e morte sobre nós, é dela (e somente dela) que podemos retirar, receber ou fabricar uma nova e desconhecida saída ou reviver eternamente os velhos martírios de nossa vida. E você aí, quietinho, lendo, já decidiu o que pretende fazer com a sua solidão?