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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quereres....


O que você quer da sua vida? Confesso que quase nunca sei o que responder. Parece que meus quereres me enganam. As vezes sinto que quero coisas que eu mesma inventei que precisava. Coisas que os outros querem, que as pessoas ao meu redor tem, que o mundo inteiro diz que é a lei natural da vida e que eu deveria querer, ter, desejar, ansiar por possuir, me esforçar por conseguir...
Então as vezes eu caio na loucura de me convencer de que se todo mundo quer, eu também devo querer (não devo?) e precisar. Aí eu tento me encaixar, me enquadrar, padronizar os meus desejos e a mim mesma para ter a vida que todo mundo tem. Pelo menos o todo mundo que passa pelo meu quadrante de vida.
E é engraçado me ver nessas situações. Quer dizer, na hora não é nada engraçado. Na verdade, me sinto patética quando deveria me sentir feliz, satisfeita, realizada. E obviamente, minhas incursões e tentativas de viver uma vida que não tem nada a ver comigo são um verdadeiro desastre, como não poderia deixar de ser.
A verdade é que eu só consigo ser quem eu sou, querer o que quero mesmo e ponto final! É isso e acabou. Sei que tem muita gente boa por aí que poderia até ganhar um Oscar pela bela atuação, por ser capaz de enganar a si mesmo e a todos por incontáveis anos. Eu também sou muito boa atriz quando quero, mas... e a felicidade da gente, como que fica? Será que vale a pena viver enganando a si mesmo, negando-se os próprios desejos? Nunca vale a pena, por ninguém e por coisa alguma. E essa é a minha resposta mais sincera, de coração e por experiência.
Balzaquiana, solteira, sozinha, com 2 filhos, independente. Essa sou eu. É assim que me reconheço, é tudo que sei ser hoje, ontem e há muito tempo. Talvez seja  estranho para uns, incompreensível para outros, mas é seguro e confortável para mim. Por enquanto é tudo que sei de mim, é como consigo e gosto de viver e me reconhecer.
As vezes busco outras coisas, visto outras roupas, tento precisar de coisas e pessoas que no fundo não me interessariam jamais. Tudo teatro, esforço, encenação. A cortina fecha e eu aplaudo incrédula minha mais nova atuação. Mas no fundo eu só quero tirar logo a maquiagem e voltar à cena da minha realidade. Pode ter sido lindo, bonitinho, perfeito... mas não era eu, não era meu... nada tinha a ver comigo e então eu viro as costas, vou embora, desço do palco, saio de cena. Eu me demito. 
Vou agora viver minha vida do jeito que sou, do jeito que quero e gosto de ser. Não quero ter de mudar, me adaptar, me reformar, ser alguém que eu não consiga me entusiasmar de ser, me encantar, admirar. Eu posso estar sozinha, não ter ninguém, andando por aí de mãos dadas com a solidão... mas poxa! Não é ruim, não é vazio, não é nada daquilo que as pessoas tanto temem nem tudo aquilo que dizem ser. 
Eu escolho a solidão porque para mim ela não é nem nunca foi um bicho-papão. Ela é o meu lugar de equilíbrio, a minha fortaleza, a minha salvação. É onde encontro e estudo os meus mistérios, onde consigo ficar mais linda do que já sou. Onde me alegro, choro, me recupero, me transformo. É um lugar de silêncios e que só toca as músicas que eu amo. Um lugar preenchido com os meus sussurros, as minhas orações, onde escrevo meus diários secretos.
Sinceramente, hoje, agora, nesse exato momento, não faço a mínima ideia daquilo que eu quero ou do que vou fazer daqui a 2 anos ou 2 horas. Não sei de nada e o pior (ou melhor) é que também nem quero saber. A única coisa que sei é que quero ficar bem e me sentir feliz. Esses são os meus quereres.

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