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segunda-feira, 21 de maio de 2012

De mãos dadas com a solidão!!


Hoje uma pessoa muito especial conversou comigo e me contou um pedacinho de sua história de vida, tão cheia de gente, mas repleta de solidão. E embora sorrisse, olhando bem em seus olhos e ouvindo cada uma de suas palavras, eu podia ver uma tristeza que não lhe cabia mais, algo muito pesado de se carregar e que não deveria fazer parte de alguém tão bonito assim. E isso me fez pensar muito sobre a solidão. 
Acho que solidão nem sempre é uma coisa ruim, as vezes se faz até necessária e é bem-vinda. É como se a alma da gente precisasse uma hora ou outra de um pouco de exílio para poder se reencontrar consigo mesma, saber quem a gente é de verdade naquele momento, conhecer aquilo que agora queremos, porque vivemos em constante mudança e aquilo que serviu ontem e achávamos lindo, divino e maravilhoso, hoje pode não se encaixar direito na gente, do nosso lado, dentro da nossa vida e simplesmente não ter mais nada a ver. Afinal de contas, somos seres mutáveis e os nossos desejos também. Podemos até calá-los, emudecê-los por um longo tempo, mas de um forma ou de outra, nossos desejos sempre permanecem vivos e um belo dia retornam à superfície.
Mas existe um tipo de solidão que realmente nos machuca o tempo todo do mesmo jeito que faria um espinho inflamado no pé. É a solidão a dois, a três, a quatro, é aquele sentir-se sozinho mesmo cercado por uma multidão. É quando a gente sente que ninguém nos conhece realmente, nem compartilha dos nossos sonhos, das nossas verdadeiras alegrias e desejos, mesmo aquela pessoa com a qual dividimos a mesma casa, o carro, o quarto, a cama. É quando ninguém sabe nem quer saber quem somos nós de verdade, o que nos faz amar, o que nos encanta ou atormenta, quem são nossos temidos monstros e nossos queridos heróis.
É quando se está casado ou namorando, mas na prática, acaba fazendo isso sozinho. É quando se ama em carreira solo, é o ter sem ter de verdade, é procurar um sentimento quentinho e só achar o frio congelante como resposta do outro.
Como se o amor fosse um barquinho que só sai do lugar porque você está ali, remando com todas as suas forças solitariamente, enquanto o outro, deitado numa boa e nem aí pra nada, masca uma folhinha no maior relax apreciando a paisagem. É lutar sozinho, é ser um guerreiro solitário numa batalha que era sua e dele também.
Solidão nasce cedo quando a gente difere demais do restante da família, quando a gente é do tipo tão diferente que chega a incomodar. É ser o ovo estranho no ninho, um alienígena, um fora de contexto. Não partilhar dos mesmos gostos, dos mesmos interesses, é nunca baixar a cabeça para as imposições que dizem "na nossa família é assim!". É ser a ovelha desgarrada, é entender sem que ninguém precise falar, que ali não é lugar pra você. É ser persona non grata. É ter como única certeza na vida a de não poder contar com ninguém, a não ser com você mesmo.
E o pior é que essa solidão pode ser a nossa única e mais leal companheira pelo caminho de uma vida inteira se assim permitirmos. Mas o mais importante a saber (e também mais difícil de se compreender) é que a solidão nada mais é do que uma condição. Embora triste, pesada, temida e com poderes de vida e morte sobre nós, é dela (e somente dela) que podemos retirar, receber ou fabricar uma nova e desconhecida saída ou reviver eternamente os velhos martírios de nossa vida. E você aí, quietinho, lendo, já decidiu o que pretende fazer com a sua solidão?

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