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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Álvaro de Campos - Poema em Linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo.

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó principes, meus irmãos,



Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?



Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Louca!!!

Algumas vezes me chamaram de louca. No princípio não gostava mas refletindo melhor... descobri que de certa forma sou louca sim!


Louca por fugir das convenções, por não me conformar com o mundo como ele é.


Sou louca por acreditar no impossível e viver no mundo da lua, alheio ao nosso mundo real. Sou uma verdadeira maluca, falando de amor, como se todos fossem sensíveis a ele.


Nesse planeta não há espaço para loucos, nossa espécie não tem lugar. Nosso habitat é nossa própria mente. Nós, os pirados, somos perigosos, representamos uma ameaça à sociedade justamente por fazermos o que a maioria não faz... por falta de coragem, em nome das aparências ou do status. Mas o louco não tem maldade!


Sou louca por ser demasiadamente simples, de uma simplicidade até ingênua, que fala o que sente. Louca por ser intensa e esperar que os outros sejam. E como louca sou incompreensível e quero continuar sendo!


Por favor não tenha preconceitos, louco também é gente! Prefiro ser assim, louca e diferente que alguém comum e normal. O louco é um revolucionário que atua em si mas de modo solitário. Sou louca por ser estranha, não me encaixo nos padrões. Sou louca mas nada ganho, somente uma felicidade recheada de AMOR!!


FODA-SE

Hoje quero gritar ao mundo foda-se em alto e bom som. Foda-se a violência, o medo. Foda-se sermos olhados e pior, nos sentirmos reféns dentro da própria cidade que moramos. Foda-se a hipocrisia. Foda-se a mentira. Foda-se os que tem a cara de pau de se acostumar com TUDO. Foda-se todos que contribuem com isso – inclusive eu e você. Foda-se o trânsito, foda-se a poluição maldita. Foda-se o descaso e as dificuldades de quem na verdade não deveria tê-las. Foda-se o marketing, a televisão e a mídia – tudo que vemos e ouvimos o dia todo e somos convencidos de que gostamos. E gostamos. Foda-se o trabalho e ter que fazer pinta de boazinha. Foda-se – vou fazer careta quando der e me convier. Foda-se a inveja. Foda-se o mal, os bandidos, as drogas que eu mesma insisto em consumir. Foda-se o mundo globalizado e essa forma fast-food de ver e enxegar o mundo. Foda-se os que consomem pouca vergonha e se orgulham disso. Foda-se o Orkut e toda essa maldita espionagem que nos vicia. Foda-se a Veja e todos os jornais do mundo – são chatos, escritos de forma errada, sujam tudo, dão alergia e ainda custam dinheiro...dá pra acreditar?? É isso, fodam-se os jornais. Inclusive o Jornal Nacional que por ironia da vida nos soa tão familiar desde sempre – a tal musiquinha. Foda-se a dor de cabeça, os exames e tudo mais. Foda-se a comida péssima que ingerimos sem ao menos nos darmos conta. Foda-se tudo isso e mais um pouco, afinal, todo mundo tem seu dia de fúria, certo??


Mas aconteceu alguma coisa, Yana?? Não, ‘nada demais’ mas é que hoje acordei nauseada do mundo. Incomodada com zilhões de coisitas do dia-a-dia que eu simplesmente NÃO POSSO MUDAR. Porque?? Porque me é humanamente impossível. E não levo jeito nenhum pra covardia e acomodação. Na verdade tenho horror a isso. Gostaria de poder mudar o mundo. Viajar pra Marte. Ir e vir.

Desculpa. Desculpa por tanto palavrão. Pessoalmente detesto gente que fala palavrão como se estivesse respirando apenas mas é que dizem que é bom pra desabafar – aquelas velhas lorotas de quem quer sempre se justificar pra continuar ileso da própria mediocridade – assim como eu estou fazendo agora...risos!! Foda-se até mesmo o FODA-SE!!