Páginas

sábado, 21 de abril de 2012

Um pouco da minha vida





Eu devo ter algum problema, alguma coisa muito séria. Devo ter nascido com uma tatuagem na testa escrita "Não se aproximem, sou uma babaca metida", porque na boa, só isso explica. Desde pequena, pequena mesmo tipo no maternal, eu entrava em uma sala de aula e todas meninas me olhavam tipo "eca, lá vem ela". Cara, uma criança inocente e pura??? Como assim??

Com o passar dos anos a coisa piorou, afinal, o instinto de competição das  mulheres só vai se aguçando; quando entrei para a primeira série, eu fui para um colégio totalmente novo em que eu não conhecia ninguém. Tá, tudo bem, tudo numa boa. Ninguém me odiava, AINDA. Até que a espertinha aqui resolveu escolher o menino que todas as garotas da sala eram apaixonadas pra ser meu paquerinha (poxa genten ele era lindo), e adivinhem? Ele começou me paquerar de volta (eu to usando o termo paquerar porque eu era uma criança, não riam ok). Pronto! Conseguiu Isabela! Todas meninas da sua série te odiavam (noooovidade!). E isso se estendeu até a minha quarta série. Eu andava com os meninos, eles eram os melhores amigos do mundo e eu não senti falta de amiga nenhuma, de verdade. Nunca fui do tipo de mendigar amizade ou de me fazer de boazinha para que todos gostassem de mim. Sou patricinha? Sou sim, gosto de me arrumar, passar uma maquiagem e confesso ser um pouco fresca para algumas coisas. Mas o lado que ninguém conhecia de mim (uma pena) era o lado palhaça de ser, de falar besteira e de brincar igual um homenzinho na rua. As pessoas gostam de julgar por aparências, odeiam alguém só pelo que veem por fora. "Nossa que patricinha nojenta, fútil, escrota, antipática" (parece que esses adjetivos acompanham necessariamente o termo patricinha né?). Eu não tenho problema com quem não gosta de mim, mas quero que você não goste de mim depois de me conhecer, depois de conversar comigo; aí sim você tem todo direito de dizer: "Nossa, que garota ridícula".

Mas enfim, me mudei para outro colégio na quinta série e a saga continuou. Eu tinha um grupo de amigas bem patricinhas (a gente se vestia igual, me joguem pedras) e é óbvio que ninguém gostava da gente. E tá, dessa vez eu merecia. A gente não dava espaço pra ninguém entrar na panelinha e nos vestíamos iguais (meu deus eu estou me odiando por contar isso)! Mas quem nunca teve uma fase ridícula dessas né? De ter seu grupinho de amigas restrito e se acharem as lindas e boas por isso? Ainda bem que isso passou rápido.

Na sexta série me mudaram de sala e eu fui para a sala dos nerds do colégio. De início achei que não fosse me adaptar, sério. Mas na real? Foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Fiz amigos que nunca imaginaria fazer e conheci pessoas incríveis que estavam ao meu lado o tempo todo e eu nunca notei porque estava ocupada demais sendo uma idiota combinando roupa com as amigas. Aprendi a conhecer as pessoas antes de julgá-las e mudei muito meu jeito de ser (me lembro que tinha uma menina na sala que era filha de uma faxineira do colégio e só por isso ninguém conversava com ela; que coisa mais escrota, sério. Bem, ela virou minha melhor amiga). Mudei a cabeça de muitas pessoas que me consideravam uma garota vazia e percebi que nada melhor do que surpreender as pessoas.

O tempo se passou e eu fui para a tão esperada faculdade. Eu era uma nova pessoa, na boa. As bobeiras de ensino médio tinham ficado todas para trás, eu não tinha mais aquela idiotice de "ai, odeio essa garota!"; um dia todo mundo cresce né? Não. Eu cresci, mas pelo visto muitas pessoas ainda não. Assim que entrei na sala já tinham montado um fã clube "Eu odeio a Yana". Nunca tinha visto aquelas pessoas na vida, nunca tinha conversado com elas por falta de oportunidade, e eu não ia nas festas da turma pois achava elas muito promíscuas (era muita putaria genten, não dá.) e por isso eu era a antipática. Acreditam que uma vez fui perguntar para uma garota porque ela não gostava de mim assim, de graça, e ela me respondeu "Você nunca vai nas festas, parece que está esnobando a gente." Hello? Eu namorava, me dava o respeito e não ia me acabar descendo na boquinha da garrafa nessas festas não. Mas percebam que: eu não era a única da sala que não ia nas festas, mas eu era a única que eles odiavam por não ir. Vai entender? Esse povo da minha faculdade realmente superou todos os níveis de criancice possíveis que eu já vivenciei. Era de dar dó o tamanho da falta do que fazer. Me lembro que um dia fui com um sobretudo rosa na aula (estava muito frio e só pra constar, eu tinha aquele sobretudo há 3 anos), e vocês não vão acreditar. Neguinho tirou foto. Isso mesmo que você leu. Tiraram foto e publicaram no Facebook que eu estava em um desfile de moda. Na boa? Eu não tenho nem comentários. Acho que o que mais incomoda na minha personalidade é que eu não dou a mínima pra esse tipo de atitude, desde pequena aprendi lidar com críticas de pessoas que não me conhecem e graças a minha mãe, pessoa tão sensata, eu sei que não devo me importar com isso.

Chega um dia que a gente cansa de tentar mostrar que não somos tudo aquilo que as pessoas pensam. Eu não sou metida, não sou antipática, mas ok, você acha? Então faço questão de passar de nariz empinado do seu lado, afinal, nada que eu faça vai mudar o que você pensa. Né? Porque pessoas assim querem arrumar um motivo para não gostar, não importa que você seja a madre teresa de calcutá, esse tipo de pessoa sempre vai arrumar um motivo para criticar. 

O que vale é o que seus amigos acham de você. Se eu fosse uma pessoa ruim (como acham que eu sou), eu não teria tantos amigos e não seria tão amada. E é isso que me consola e sempre me consolou. Pra cada pessoa que fala mal de mim, tenho dois amigos que me defendem. Então quer saber? Pode falar, pode tirar foto, pode me odiar, fazer fã clube, colocar minha foto na parede a atirar dardos em cima. Enquanto você se descabela se preocupando com a minha vida, eu to aqui, ouvindo uma música, conversando com a minha melhor amiga sobre o que vamos fazer essa noite e nem sei quem você é.

Já tentaram olhar para o sol sem se sentir incomodados? Pois é. Tudo aquilo que reluz demais incomoda as pessoas. Um sorriso verdadeiro, amizades verdadeiras, ser amada pela sua família e andar sempre de bem com você mesma; é isso que incomoda. Pessoas infelizes não suportam ver a felicidade do outro.. Mas que se dane, eu não me importo. Não mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário